Fanfics e o mercado literário, o que tem a ver?

domingo, 24 de fevereiro de 2013



Fanfic geralmente é vista como coisa de amador, de criança, de gente que não leva a escrita a sério. E quem é talentoso e pensa em escrever fanfics mais elaboradas é logo aconselhado a escrever uma obra original.

Talvez tudo isso seja verdade, mas queria falar um pouco sobre a importância da fanfic no contexto literário nacional. Não que eu seja alguma expert, mas tenho observado algumas coisas
.

No Brasil estamos passando por um progresso quanto a literatura. Conversando com um amigo que já trabalhou com editora, vi que muitas editoras surgiram nos últimos anos publicando autores nacionais. Muitos autores estão publicando e evoluindo devido a esse incentivo do mercado.

Os leitores também estão lendo mais obras nacionais. Nas últimas bienais do livro tivemos recorde de público, principalmente formado por jovens. E isso incentiva o surgimento de mais editora ainda.

E as fanfics? E você e eu?


Existe uma teoria de um filósofo chamado Hegel, que diz que a quantidade acaba se tornando em qualidade. Ou seja, quanto mais eu produzir, melhor vai ser a qualidade da minha produção. Se aplicarmos isso num contexto geral, eu poderia dizer que em uma comunidade colaborativa - como o Nyah, onde autores, co-autores e grupos de betas readers se ajudam espontaneamente - a tendência é todos melhorarem cada vez mais e, assim, a comunidade como um todo. Isso pode acabar se tornando um grande celeiro que será parte da próxima geração de autores de sucesso? Não sei, mas nos EUA já vimos alguns casos de autores de fanfics se tornando mundialmente famosos e vendendo horrores. E sei de editores brasileiros que gostam de escrever fanfics.

Eu vou ser sincera, vejo muita gente fanfiqueira mais novinha que eu escrevendo melhor que muitos autores ~consagrados~ por aí. Alguns se dedicam muito, muito mesmo. Levam a sério, como se fosse seu trabalho. Mais que isso. Tratam com verdadeiro amor pelo que fazem. Claro, temos muito a aprender com os experientes. Mas acho que falta isso mesmo, uma melhor interação entre esses dois universos. Mas quem é o profissional experiente que quer mexer com "crianças amadoras"? Complicado, nem eu sei se ia querer no lugar deles. Mas que seria um grande avanço, seria.

Só acho que quem escreve fic, continue escrevendo, não importa o o quão ruim seja. Tem que haver produção, muita produção, mas os melhores precisam receber algum destaque, precisam ser visto. Precisa haver algum sistema que identifique quem é bom, separá-los, aprimorá-los e profissionalizá-los.
Um bom começo é diminuir o preconceito. O resto, deixo pra vocês pensarem e discutirem. Podem comentar aí o que acham que poderia ser feito.

10 comentários:

  1. A teoria do "bom e ruim" já nos levou a discussões longas e cansativas, citando logo aquela notícia do Nyah! que tanto nos atormenta. Existem os dois lados da história e não podemos ignorar nenhum dos dois: separá-las seria criar um "preconceito" diante de outros, e teria que ser com um cuidado imenso para não levar nada para o lado pessoal, mas eu acho que separar textos bons de ruins é elevar a coisa a patamares diferentes. Por exemplo: é fácil você ter uma ideia, ir lá e escrever ela de qualquer jeito, sem se preocupar com nada, mas e aqueles autores que têm uma ideia e antes de escrever pesquisam, se informam, planejam, cuidam para que o texto seja melhor para OS LEITORES? Esses autores são classificados como iguais a autores que escrevem de qualquer forma, sem se preocupar se o que é escrito tem sentido ou não.

    Na minha opinião, história boa precisa de destaque. Não estamos dizendo destacar autor, e sim destacar história. Nem sempre um autor escreve suas histórias cheias de suspenses e tramas, às vezes ele escreve algo mais comum e cotidiano, com uma linguagem menos formal e fatos menos complicados, porque o importante é escrever. Mas quem se esforça para escrever e não vê resultado, como se sente? Você recebe um ou dois comentários por algo que você, às vezes, levou semanas ou meses para elaborar e escrever, e o retorno é tão mixuruca que você desanima.

    Bom, eu penso que o primeiro passo para publicar um livro é escrever. O hábito de escrever vai facilitar na hora de escrever um livro para ser publicado, que é algo muito mais sério que uma fanfic em um portal na internet. Até porque terá todo o esquema para que o livro saia o mais perfeito possível e o resultado: dinheiro. Então, na minha opinião, nós que usamos a internet como meio de expor nossas histórias somos o futuro do mundo da escrita, ou seria bom se fôssemos. E se E.L.James foi encontrada na internet e agora vende seus livros pelo mundo todo, por que não podemos ser nós, algum dia? /sonhando-alto.

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    1. Bom e ruim não é teoria, TODO MUNDO classifica tudo como bom ou ruim. Acho que fugir disso não é a resposta para evitar o "preconceito". O problema é como lidar com o bom e com o ruim, quais são os parametros pra definir uma coisa ou outra, etc.

      Ficou parecendo que minha ideia era algo para a comunidade do Nyah em si. Não, eu tava falando de modo bem geral, meio filosófico mesmo. Não importa se a pessoa posta no Nyah ou se escreve no caderno pra mostrar pras amigas da escola. Só digo que a produção deve existir, assim como uma forma de "captação" de talentos. Seria ótimo se alguém fizesse as vezes de "olheiro", seja no Nyah, FFNet, não importa ><

      No seu ultimo parágrafo concordo plenamente.

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    2. O problema é que, para você publicar um livro, precisará correr atrás da editora e fazer todo o processo. O Brasil ainda não chegou ao ponto de usar a internet para procurar talentos, até onde eu sei :/ Mas seria muito bom se isso começasse a ocorrer, existem realmente bons autores na internet, mas a maioria nem sonha em publicar um livro assim, sendo achado aleatoriamente. Fora que, infelizmente, achar um bom texto no meio de tanta coisa fraca que se encontra nos portais deve ser realmente cansativo, aí ter algumas histórias destacadas, histórias boas, seria realmente bom (principalmente quando a gente quiser ler algo bom *O*), mas criar algo como "uma página só para destaque de histórias boas" causaria bastante polêmica. A coisa seria fazer um site só para esse tipo de história, mas fazer um site não é algo tão fácil quanto falar faz parecer ¬¬ Ou seja, estamos ferrados @_@

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    3. Fazer um site não é fácil e por isso estamos ferrados? Não dá pra aceitar uma resposta dessa kkkkk

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  2. Não estamos necessariamente ferrados, mas empacamos onde estamos. Eu acredito que podem sair escritores profissionais das profundezas do Nyah!, mas para mim é algo um pouco distante, sabe, tipo, eu e você. Tu aí e eu aqui, sacou? Distante, distante... /derretendo #apanha

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    1. Acho que cada um deve fazer o que acredita que deve ser feito. Não adianta esperar que alguem faça. "Ah, podia ter um site, mas é tão dificil... alguem podia fazer". Pq não lutar pra realizar isso? A Liga começou assim, e eu tava lá pra dizer. Ninguem ficou esperando outra pessoa fazer algo.
      Só vai sair escritores profissionais do Nyah se eles atravessarem a via crucis.
      Acho que falta paixão.

      E tudo isso foge do meu objetivo nesse post kkkk

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  3. Também já vi muitos autores talentosos no Nyah e que já publicaram livros. O problema que aquilo que é popular no Nyah dificilmente é realmente bem escrito. Bem que o site poderia ter alguma equipe com um senso mais refinado para selecionar algumas fanfics para mantê-las em destaque por um tempo. Bastava ler apenas um ou dois capítulos e pronto.

    De fato, temos que continuar escrevendo... sempre.

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    1. Acho que pra dar certo, teria que ser uma iniciativa à parte, da mesma equipe do Nyah, mas outro projeto bem diferente. Um "Nyah! Pro", digamos. Aí sim, funcionaria com sistema de qualidade. Colocava uma equipe grande só focada em selecionar material de qualidade.
      Mas acho q isso nunca vai acontecer :(

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  4. Quando você fala da generalidade e, não apenas do Nyah, que eu particularmente não conhecia, entendo sua visão. Acredito que se cristóvão Colombo não tivesse se arriscado no mar naquela época o mundo não seria o que conhecemos hoje.

    Algumas pessoas acham que hoje está difícil. Imagine então Cindy a duas decadas atras. Eu agora estou aqui escrevendo na sua página, lendo suas idéias e emitindo minhas opiniões, então pergunto aos seticos: como pode ser impossivel? E afirmo que estamos só começando até mesmo porque o futuro do livro e das publicações está mudando. O meio digital é que irá prevalecer no futuro onde o papel não terá mais lugar e o próprio comportamento de midia já mudou e vai mudar ainda mais.
    Hoje se mobiliza um milhão de pessoas para uma manifestação pelo facebook, twiter etc..

    Você mesmo, já não é uma desconhecida, quantas pessoas postam na sua página e quantos outros devem ler o que você produz de conteúdo literário.

    Eu não escrevo, mas já estou até pensando em colocar no papel minha intricada trama de ficção cientifica...rsrs...

    Vou aprender a escrever...
    Quem quiser ficar que fique, nos não! nós não desistiremos!
    A vida é feita de desafios...

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    1. Animador seu comentário. Eu não estou tão certa de que o futuro será tão digital assim, ou pelo menos de que viverei em uma época em que livros de papel não terá mais lugar. Mas é fato de que a realidade hoje é outra de anos atrás.
      Mas ainda vejo uma importancia muito grande no papel das editoras, independente de papel ou celular. É muito importante que autores não saiam todos achando que conseguem fazer tudo sozinhos. Eu acho essa uma faceta muito negativa dessa era pós-moderna, em que todos achamos que podemos fazer de tudo só porque temos acesso às ferramentas para isso. Nós autores não somos designers, não somos revisores, não somos editores, não somos publicitários, e nem vendedores. É muito difícil imaginar um mundo literário sem editoras.
      Nem sei se foi esse o sentido do seu comentário, mas achei importante mencionar.
      Bjos e obrigada por todos os comentarios rsrsrs e boa sorte na literatura!

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